21.7.04

Mesmo de quatro, com a cara entre os lençóis, continuava a sentir o cheiro daquele negro que a comia. Uma mistura de suor com poeira que a nauseava. Logo ela, pensava entre os gemidos, que cuidadosamente se perfumava todos os dias antes de sair. Independente de onde fosse. E agora estava ali, impregnada com suas essências importadas, em um quarto de pensão numa esquina perdida da cidade. Entrelaçada à um peão de obras que a tratava como uma cadela, tanto no modo de falar, como na maneira que a virava na cama para continuar a fodê-la. Sim, ela, uma empresária de sucesso, exuberante, educada, estava, naquele exato momento, fodendo com o pedreiro que minutos antes trabalhava na reforma de sua casa. Entre um gozo e outro lembrava da raiva de ver aquele preto, todo sujo de cimento, lhe lançando olhares. E da raiva que sentira ao receber suas primeiras palavras grosseiras. Mais ainda: da raiva que a consumira ao ser agarrada por ele em um dia sozinhos no apartamento. Não fizera absolutamente nada em nenhuma das situações. E assim se encontrava mais uma vez sendo devorada por aquele corpanzil molhado e fedido. O que mais a aturdia, e também lhe dava prazer, era justamente o mergulhar nessa profusão de sentimentos contraditórios. Ele, sem parar de mexer seus quadris para dentro dos dela, dava mais uma vez um dos seus sorrisinhos cínicos, como se dentro de sua ignorância entendesse o que aquela mulher pensava. Ela, gritava mais uma vez "Me fode, preto filho da puta, me fode" em uma inimaginável mescla de tesão e ódio.

14.02.03

(N.A.: Publicado no Dia de San Valentin, o Dia dos Namorados do Hemisfério Norte)

Um comentário:

Anônimo disse...

eu tambem gostei pra caramba!

Un beijo.

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