Tudo que ele mais queria era ter um filho com ela. Antes disso, ela teve um amante. Daquele dia em diante, ficou difícil reconhecer o Marcelão que eu tinha conhecido 15 anos atrás. O romântico incurável virou o galinha irrecuperável. Não sei se era algum tipo de vingança contra a ex, que, apesar de ter metido os pés pelas mãos, ainda era apaixonada por ele. Ou se era medo de que tudo aquilo pudesse um dia acontecer de novo. Mas sei que, de uma hora para outra, o Marcelão mudou o jeito de falar, o jeito de vestir e o jeito de ser. Ao mesmo tempo que era simples entender um pouco daquela transformação, era estranho ver, logo o Marcelo, se metendo em todo tipo de negócio e negociata só pra sustentar os 3 A´s do solteirão pegador recém-convertido: Apê, A3 e Academia. E, quando a grana não sobrava no fim do mês, era pra mim que ele ligava pedindo algum emprestado.
- Fala, mala!
- Oi, Marcelão.
- Tava doidão ontem hein?
- É, já me falaram isso.
- E quem era aquela loira com você?
- Loira? Que loira?
- Tu não lembra? Uma alta, bonita, com um doidão do lado.
- O doidão devia ser eu. Mas dela eu não lembro.
- Olha só... Você não tem umas 300 pilas pra me emprestar, não?
- Hum? Tenho sim, Marcelão. Sua conta ainda é a mesma?
- É sim, meu irmãozinho. Até o fim do mês a gente acerta.
- É? Tudo bem.
- E, irmãozinho, que história é essa de deixar frasezinha com os amigos? Tu tá virando viado?
- Que pergunta, Marcelo! Eu te disse alguma coisa ontem também?
- Disse uma coisa louca lá. Eu não entendi mas guardei. Você pediu tanto.
- E como era a frase?
- "Não dá pra fugir da pancada. Dá pra aprender a apanhar e reagir."
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