6.4.07

As (misteriosas) aventuras de LLL em São Paulo

Eu já estava andando pelo centro de São Paulo por uns bons 40 minutos. E morrendo de medo. O feriado deixou as ruas vazias, exceto pelos tradicionais moradores das marquises: pedintes, bêbados e outras criaturas estranhas. E eu com minha mochila nas costas, carregada com uma máquina digital, uma máquina LOMO, um iPod e um livro, que agradaria menos o marginal que eu esperava me assaltar. Para piorar, ninguém parecia saber onde ficava o Centro Cultural Banco do Brasil. Até eu resolver apelar para um guarda sonolento em uma esquina. Andei fazendo cara de mal por mais alguns quarteirões e encontrei o museu fechado. Santo feriado santo. Acho que era outro sinal de que eu não tinha nada o que fazer ali. Resolvi procurar logo um táxi e voltar para a segurança do meu flat. No caminho até uma das avenidas do centro, passo em frente a um pequeno restaurante. Nada escrito na fachada, somente uma imagem impressa de São Jorge colada acima da entrada. Uma porta estreita levava a um corredor que parecia ainda mais apertado, cheio de mesas. As paredes estavam cobertas de fotos de pessoas desconhecidas, emolduradas das formas mais diferentes possíveis. E, lá no fundo, um velho garçom uniformizado olhava emburrado para mim. A cara dele me dizia que ele devia ter uns 148 anos, sendo que 146 deles servindo nesse lugar. Achei o lugar ótimo para uma despedida daquela manhã, mas um croissant, que eu havia comido alguns minutos atrás, acabou me impedindo de entrar ali. Caminhei por mais um pouco até encontrar um ponto de táxi. Enquanto eu me aproximava do carro, pensei no espírito aventureiro que todo viajante solitário precisa ter. Lembrei da sensação de ir além dos guias e mapas, de fazer descobertas próprias. Essas baboseiras todas. Ao invés de voltar para casa continuei meu caminho. Dei outra volta pelos quarteirões até retornar à rua que dava no Mosteiro, perto do passeio com um canteiro, ao lado da sede de um velho banco. Foi nesse momento que minhas pernas tremeram, um arrepio me gelou os pêlos da nuca e uma sensação de falta de ar me atacou. O restaurante comprido, simplesmente, não estava mais ali. Olhei para os lados para ter certeza de que estava no lugar certo, mas meu olhar só encontrou, sentado do outro lado do passeio, um velho me olhando e gargalhando da minha cara assustada.

Um comentário:

Anônimo disse...

meda!