18.5.09

A Torre

Passara anos percorrendo os quatro cantos daquele reino em busca do monumento que agora tinha à sua frente. Loucura para alguns, sonho para outros, as histórias sobre as infindas riquezas em uma torre sem fim eram famosas entre os cavaleiros da época. Mas poucos acreditavam nas lendas de um colosso de pedra que só poderia ser visto por quem se aproximasse a ponto de tocá-lo, nunca de uma distância maior do que isso. O mesmo lugar que ele observava atônito naquele momento. Há alguns passos estava a entrada da torre. Sem portas ou obstáculos. Apenas um simples pórtico de rochas onde começava a ameaçadora escadaria. À medida que subia, a luz vinda do portal lentamente se apagava dando lugar à escuridão. Completa e inquietante, quebrada apenas pelo som dos degraus sendo vencidos. Até que a luz começasse iluminar o corredor circular novamente. Parou alguns segundos até que sua vista se reacostumasse com a claridade. E entrou. Uma repentina falta de ar, quem nem os incontáveis lances de escadas foram capazes de provocar, quase o derrubou. Encontrara lá uma sala completamente vazia, empoeirada, fria. Sem nem ao menos uma minúscula caixa, que pudesse nutrir uma ínfima esperança do tesouro prometido. Meio cambaleante, se aparou contra o parapeito da única janela daquele cubículo de pedra. Respirou fundo e abriu os olhos. E, diante deles, estava a mais magnífica vista que um ser humano jamais vira. Era possível ver o branco das montanhas, os laranjas dos desertos, os verdes dos campos e os azuis dos mares mais longínquos. As cidades, suas pessoas, suas feiras e suas muradas. As estradas e sebes fomando um desconexo padrão xadrez sobre a pele da terra. Tudo sob a luz de um sol e um céu intensos como nunca foram. Depois de alguns poucos minutos, o cavaleiro desceu novamente as escadarias e seguiu com seu cavalo. Sem marcar no mapa o lugar onde encontrara o momento mais bonito de sua vida.