1.4.13

A lenda do caminhãozinho

Um rapaz senta na mesa de um bar com um amigo e vai logo falando:
- Marcão, tenho uma amiga da minha namorada pra te apresentar. Gata, inteligente pra cacete, ganha uma baita grana no mercado financeiro. E tá querendo um namorado.
- Porra, Juneba! Linda, inteligente e com grana? Que roubada você tá querendo me meter!

Em 20 anos de mesa de bar, eu nunca vi uma conversa parecida com essa. Mas, a julgar pelos textos que andam pipocando por aí, querem me fazer acreditar que ela é possível. Depois de "Homens não gostam de compromisso", a nova onda da eterna (e boba) guerra dos sexos é "Homens tem medo de mulheres lindas, inteligentes e bem sucedidas".

Eu fico imaginando como é que uma mulher chega à conclusão "ele não suportou minha boa aparência, meus conhecimentos e minha carreira". Ele reclama que ela anda bonita demais? Dos presentes caros que ela dá? Das conversas sobre arte e política? "Desculpa, amor, mas você é muita areia para o meu caminhãozinho." Papo furado. Isso é apenas a versão anos 2000 de "O problema não é você, sou eu." Realmente, nisso eu faço um mea culpa coletivo, homens são péssimos para terminar relacionamentos. E talvez essa inépcia masculina em colocar todos os pontos nos "is" até ajude a deixar um vácuo para teorias furadas. Já a minha teoria diz que é mais fácil encontrar uma explicação nas falhas dos outros do que nas nossas próprias. Não que as coisas tenham ido mal porque tenho o pé feio, ou sou prepotente, ou porque o amor acabou. Não deram certo porque ele é um fraco para suportar minha envergadura estética-sócio-intelectual.

Sinceramente, eu odeio escrever sobre essas pelejas homem x mulher. Acho que a gente precisa se amar mais e brigar menos. Mas chega uma hora que não dá pra ficar vendo a classe masculina apanhar como Judas, aproveitando a proximidade da Semana Santa. Ainda mais com uma bobagem dessa. Pode ser que eu esteja falando apenas em meu nome, e da turma de amigos que eu freqüento, mas nós adoramos mulheres lindas, inteligentes e bem sucedidas. E também as que diferente disso. Acontece que, do mesmo jeito que essas características não nos assustam, também podem não ser suficientes para nos segurar.

7.8.12

A maior competição da humanidade.

Aproveitando o clima de Olimpíada, e tomado pelo espírito do Barão de Coubertin, gostaria de comentar sobre uma das competições mais antigas da humanidade. Aquela que não espera de 4 em 4 anos para acontecer: a celeuma entre homens e mulheres. Disputada em importantes categorias como “quem trai mais”, “quem é mais fofoqueiro”, “quem é mais maduro”, essa batalha milenar vem ganhando força nos últimos anos com o aparecimento das redes sociais, um verdadeiro Olimpo onde acusações e ressentimentos são disparados pelos dois competidores. Tal qual na prova de lançamento de dardo mas com o objetivo de atingir em cheio o adversário. Entre ataques raivosos e argumentações pseudo-intelectuais existe na rede até o caso de um notório jornalista brasileiro que adora competir na equipe das mulheres. Com artigos fartamente compartilhados na internet, que utilizam o seu conhecimento dos segredos e das fraquezas masculinas em prol da equipe feminina. Como um atleta naturalizado, que utiliza a lábia para encantar seu novo time (será que elas não percebem?) Mas arremesso então a pergunta: em tempos de igualdade entre os gêneros, não será a hora de todos assumirmos que somos iguais na força e na fraqueza, nas virtudes e nos desvios de caráter, na saúde de na doença? Como em qualquer guerra, nesta também não há vencedores. E pedir uma trégua não significa assumir que estamos errados (nem certos). Significa que ambas as partes precisam conversar e se entender, ao invés de se matar por uma medalha que não existe. Talvez a resposta para esse embrólio esteja fora dos jogos olímpicos. Em um esporte que nunca chegou perto de uma competição internacional e, pasmem, é 100% brasileiro: o frescobol. Nunca mais esqueci a frase de um amigo sobre relacionamentos amorosos, que acredito também se encaixar em qualquer outro tipo de relacionamento: “não pode ser como tênis, um tentando ganhar do outro. Tem que ser como frescobol, com os dois se esforçando pra não deixar a bola cair.” Aqui sim está o segredo para o ouro nessa competição. Sendo assim, fica aqui o meu singelo voto pelo fim dessa briga cheia de argumentos bobos entre homens e mulheres. Seja na internet, seja na mesa de boteco. E, ainda, meu pedido de inclusão do frescobol nas Olimpíadas como o esporte que melhor representa o espírito olímpico.

2.11.10

Comi no melhor restaurante do mundo. Será?

São Paulo – 1º de Julho – 4h30

O relógio desperta e, ainda tonto de sono, eu alcanço o laptop na cabeceira. Há exatamente 4 dias eu tinha descoberto que o Noma, eleito melhor restaurante do mundo, abriria suas reservas para exatamente as datas em que eu estaria em Copenhagen. O site entraria no ar a partir das 10 da manhã, no horário deles. E ter descoberto isso tão por acaso e tão perto do início das reservas era um sinal de que valia a tentativa. Alguns minutos depois de entrar na página do restaurante, escolher um dia e horário, eu recebia o e-mail de confirmação. Voltei a dormir sem pensar muito no que aconteceria daqui 4 meses.

Copenhagen – 16 de Outubro – 13h30

Depois de uma caminhada pelo bairro de Christianshavn, eu chego à beira do canal de onde é possível ver o bonito porto de Copenhagen. É ali, em um antigo galpão reformado, que fica o Noma, já bastante badalado na Escandinávia bem antes de ser eleito melhor restaurante do mundo. Isso porque o chef René Redzepi abriu o restaurante tendo no currículo passagens pelo El Bulli e pelo The French Laundry. Com o Noma ele queria resgatar as tradições da comida nórdica e ajudar a colocá-las no mapa gastrônomico mundial. Com direito a manifesto e tudo. E, claro, uma obsessão quase doentia pelos detalhes e o uso de ingredientes frescos e escandinavos (incluindo Islândia, Groelândia e até a Lapônia).

Já as minhas pretensões com o Noma eram bem mais modestas. Sem ter referências de restaurantes dessa magnitude no MEU currículo, eu estava lá com apenas uma pergunta na cabeça: será que a experiência nesse lugar pode ser considerada por alguém como a melhor do mundo? Francamente, eu acho um pouco bobagem essas competições em que o gosto pessoal pode fazer toda diferença. Melhor restaurante, melhor museu, melhor banda… Mas eu já estava lá, onde muita gente daria um braço para estar, então alguma lição tinha que tirar daquilo tudo.

Foi por isso que tentei aproveitar ao máximo o almoço. Daí que não me importei em anotar todas as descrições dos pratos (e me arrependi um pouco depois). As descrições ou nomes, em inglês abaixo das fotos dos pratos principais, foram tiradas do próprio site do restaurante. Já as minhas vão até onde a memória alcança.

Lá você pode escolher entre um menu-degustação de 7 ou 12 pratos, sendo que o segundo, além dos pratos da estação, traz também alguns pratos clássicos do restaurante. O problema é que, independente da escolha, o almoço precisa acabar antes da 16h30. E a minha decisão pelo menu mais enxuto acabou, apesar de dolorosa, sendo acertada. Acabamos de comer exatamente no horário, com espaço para bastante bate-papo. Se tívessemos optado pelo menu completo, provavelmente teria sido uma correria, o que, com certeza, atrapalharia todo o clima. E havia ainda a opção por um wine menu ou um juice menu. É, mais uma vez a escolha óbvia foi descartada, e eu acabei ficando só no suquinho. Todos também harmonizando com os pratos. E confesso que os sabores eram um pouco estranhos pra quem está acostumado com acerolas, cajás e congêneres. Um dos sucos tinha até um gosto bem salgado.



E aí chegamos, finalmente, à comida. Primeiro com as entradinhas.


Entrada 1. Mas onde???

Quando eles colocaram aquele vaso de flores na mesa, claro que imaginei que era algum tipo de decoração. Mas não. Era a primeira entrada. Aquela florzinha alaranjada, que ainda trazia dentro dela uma espécie de caracol cozido. E, logo em seguida, mais algumas flores comestíveis da região


Aqui ó!


Se alguém um dia lhe oferecer flores... coma!

A terceira entrada era uma espécie de “sanduíche”, sendo que a parte de baixo era feita de pele de frango frita e a de cima de pão de centeio. O recheio eu não me lembro do que era. Sorry, pessoal.


Sanduíche de não sei o quê

Depois, um dos pratos mais gostosos do almoço. Ovos de codorna cozidos. Mas o twist carpado está naquela palha onde os ovos estão. Ela vem em chamas e a fumaça deixa um incrível gosto de defumado na comida. Delicioso.



Se vocês repararem na foto anterior, atrás dos ovos de codorna está um pequeno vaso de barro. Ali estão as entradas seguintes do almoço: pequenas cenouras e uns tubérculos enterrados em uma inacreditável terra comestível.


Comida e terra fresquinhos

A última entrada era um mix de 7 ou 8 ervas escandinavas num tipo de canapé. E, outra vez, o delicioso e improvável sabor de tantas folhinhas juntas me fez esquecer o restante dos ingredientes do petisco.



E aí começam a chegar os pratos principais.



O primeiro é um leve creme de alface com lascas de uma amêndoa. Gostoso mas bem abaixo do que já tinha experimentado e do que ainda viria pela frente.


Dried scallops and watercress. 
Biodynamic cereals and beech nut.

As vieiras desidratadas com um cereal que lembra um arroz um pouco mais durinho e um molho de agrião foi o segundo prato.




Oyster and the sea.

Em seguida, foi a vez de uma ostra. Apesar da apresentação que impressiona, a parte da comida é só mesmo a que está dentro da ostra. Mas ajuda de um jeito bem interessante a realçar o gosto de mar do prato.


‘Læsø’ onion. 
Onion cress and thyme.

Depois vem o prato que é uma mistura de diferentes tipos de cebola da região. E, sempre, mais ervas.

Apesar da simplicidade, a preparação e o resultado fazem do quarto prato um dos mais interessantes.






The hen and the egg.

Uma pequena frigideira de aço é trazida à mesa e nela é colocado um óleo fabricado no próprio restaurante. Depois você é convidado a quebrar um ovo de galinha na frigideira. Isso, você paga uma baita grana e ainda tem que cozinhar. Tudo parte da experiência. Depois de 1 minuto, contado em um cronômetro que eles fazem questão de trazer à mesa, é a hora de cozinhar algumas folhas de espinafre e cheiro verde em um pouco de manteiga de ervas. E esse prato poderia ser facilmente feito em casa, se não fosse o detalhe final: um queijo espumoso da Suécia que eles despejam completando a magia.



Em seguida é a vez de um peito de pato selvagem - caçado, não criado - com lascas de maça cozidas. Meu prato preferido de toda essa degustação.


Hay and chamomile
. Sorrel and wild herbs.

O penúltimo é um queijo meio cremoso, meio espumoso com uma gelatina de camomila. Também muito leve, delicado e saboroso. Só não sei té agora se era o último prato quente ou se era a primeira sobremesa.


“Gammel dansk”
. Milk and woodsorrel.

Chega a primeira (segunda?) sobremesa: um sorvete feito com uma bebida tradicional da Dinamarca, Gammel Dansk (O velho dinamarquês), umas espécie de licor tomado até no café da manhã. Ele vem escondido entre essas lascas de leite congelado e mais algumas ervinhas.

O que vale dizer é que todos os pratos tinham gosto, textura e consistência de comida de verdade. E todos eram realmente deliciosos. A ciência de cozimentos e preparações fica na cozinha e na descrição dada pelos chefs em treinamento, que vêm à mesa apresentar uma a uma as criações. No prato só vinha sabor em belas apresentações.


E pra terminar...

Mas então voltamos à pergunta: alguém pode chamar o Noma de melhor restaurante do mundo? Ah, com certeza, sim. Porque você sente o cuidado extremo com a comida e o sabor. E experimenta a todo momento a surpresa, o inusitado. Como o petit four servido no finalzinho do café: um caramelo defumado encaixado em um osso. Valeu a pena acordar às 4h30 da manhã para fazer uma reserva de restaurante.

7.6.10

Barcelona, antes tarde...

Algumas coisas óbvias, outras MUITO óbvias. Mas, se você fuçar bem, acaba encontrando aqui algumas dicas interessantes sobre a Barcelona que visitei em Setembro do ano passado. E dica de viagem é sempre boa, mesmo com atraso.

A primeira coisa a fazer chegando em Barcelona é comprar o Guia del Ócio. Uma revistinha que sai toda quarta com a programação da cidade. Tem em toda banca de revista e traz tudo o que vai acontecer na semana na cidade. Vale a pena olhar com bastante atenção essa revista porque ela fala as festas, as exposições e as coisas de graça que tem para fazer pela cidade.

Onde ficar

Aqui a dica é única: Hostal Goya. A localização mais matadora de Barcelona (C/ Pau Claris), a 1 quadra da Plaça Catalunya e meio quarteirão do metrô Urquinaona (linha vermelha). Quartos micro, mas com ar condicionado e muita limpeza. E um preço ótimo, na faixa de 65 euros (na alta temporada). Apesar do nome, está mais para hotelzinho do que para albergue. E, além de tudo, tem um staff super atencioso e internet grátis.


Hostal Goya: é pequeno, mas numa das melhores localizações de BCN.

Onde passear

É muita coisa pra fazer em Barcelona. Difícil até dizer. Mas o melhor lá é caminhar (mais gostoso no outono/inverno do que no calorão do verão) e ir fazendo paradas estratégicas nas lindas praças pra tomar um fôlego e olhar no mapa o próximo ponto turístico.

De museus recomendo muito o Fundación Miró em Montjuic e o Caixa Fórum, perto da Plaça de Espanya. Eles ficam relativamente perto um do outro. O Caixa Fórum não é tão conhecido mas é de graça, tem exposições muito atuais e uma loja incrível. Se você deixar para ir mais no fim do dia, pode esperar um pouco para ver o show das fontes luminosas do Palau Nacional, de frente para a Plaça de Espanya (umas 8 da noite). Outro museu bom de visitar é o Macba (com outra lojinha genial), no bairro Raval e ao lado o CCCB, que tem sempre exposições interessantes.

No domingo, vá até o Arc de Triomf (estação Arc de Triomf) e depois andando em direção ao mar. Você vai chegar no Parc de la Ciutadela. É dia de ver muita gente maluca (e de certa maneira interessante) por lá tocando seus tambores. À direita do Parc, olhando para o mar, está o Passeig del Born, onde fica a Catedral Santa Maria del Mar, se você não estiver cansado de ver igrejas nos seus passeios.

Um lugar que as pessoas acabam deixando de ir numa primeira visita, mas que é maravilhoso é o Palau de La Música Catalana. Ele fica perto do metrô Urquinaona e muita gente pensa ser do Gaudí mas é, na verdade, do seu contemporâneo Domènech i Montaner, nome que você vai esbarrar em muitos lugares da cidade.


Palau de la Música Catalana.

Outra coisa que adoro lá são as praças. As mais bonitas, na minha opinião, são a Plaça del Rei (no Bairro Gótico perto do Palácio da Generalitat), a Plaça Reial (descendo as Ramblas em direção ao mar, à esquerda) e uma praça pequenininha, difícil de achar, mas que fica pertinho da Catedral, chamada Sant Felip Neri. Fuça ali nas proximidades que você acha.


Plaça del Rei. O amor está sempre ali, no paredão da praça.

Bom, aí chegamos à Gaudí. Resumindo: Parc Guell, La Pedrera (Passeig de Grácia) e Templo Sagrada Família. Esses são imperdíveis, mesmo com as filas que você vai enfrentar dependendo da época. Na La Pedrera tem o Espai Gaudi, que mostra plantas maquetes e outras coisas doidas dele. Ali no Passeig de Grácia, número 43, tem a Casa Batlló também. Não sei se eles continuam abrindo para visitação, mas vale se estiver.

Se quiser pegar praia, vá até a estação Citadella-Vila Olímpica, desça andando até o mar e vá para sua esquerda até a praia de Bogatell. Vá até um chiringuito (barracas) qualquer, pegue (e pague) sua espriguiçadeira e fique curtindo o sol. A galera demora a ir pra praia, lá para as 2, 3 da tarde. Então chegue mais cedo que isso pra ter onde sentar. E fique vendo a praia inteira girar as cadeiras pra aproveitar o máximo do sol. É bem engraçado. Ah, topless é default lá.


Praia de Bogatell. Não, não tem foto das moças de topless.

Tem um passeio fora de Barcelona que vale a pena fazer se você tiver um dia inteiro pra fazer. E gostar de Salvador Dalí. Pegue um trem cedinho para Figueres (Sai da estação Cataluña ou Nord, não tenho certeza). Deve levar de 1 a 2 horas. Lá tem o Museu Salvador Dali, que dá para ir a pé da estação. Depois de visitar o Museu, pegue um ônibus de Figueres para Cadaqués. Uma cidadezinha linda no litoral, onde o Dali teve sua única casa na vida. E que casa doida. Se você animar, e encontrar lugar para ficar, passea noite em Cadaqués e curta os barezinhos de lá. Senão, volte pra Barcelona que é ótimo também. :)

Onde comprar

Difícil também falar loja por loja. Mas alguns lugares são ótimos para compras e aí falo de algumas lojas em especial.

A região do Born, ruazinhas em volta do Passeig del Born, são cheias de lojinhas de estilistas de Barcelona. No Bairro Gótico, dê uma passeada pelas ruas Petritxol e Avinyó (de American Apparel e Adidas até lojas de roupas tradicionais catalanas).


Sapatilhas de pano e leggings de lurex lado a lado na C/ Avinyó

Lá perto da Plaça del Rei, que falei antes, tem uma lojinha chamada Gosblau (Carrer Freneria, 8) cheia de cacarecos engraçadinhos pra dar de presente. Ainda no Bairro Gótico, dê uma andada pela rua Portal Del Angel. Ali estão as lojonas Zara, Mango e H&M. Essa última foi projetada pelo Javier Mariscal, que fez o mascote da Olimpíada de Barcelona. Ele fez desde o projeto até as sacolas da loja. E as roupas são ótimas e baratas. Do outro lado das Ramblas, no Raval, pertinho do Macba, fica o Espai RAS (C/Doctor Dou, 10). Uma das lojas mais f.... de livros e revistas de design e afins da Europa. Impressionate como você encontra coisas diferentes e desconhecidas por lá. Vale a visita até pra quem não é do ramo.


Espai RAS. Chupa, Magma Londres!

O Bairro de Gràcia é um lugar mais afastado mas delicioso pra fazer compras também. Embarque na linha verde até Lesseps e encontre a Carrer Verdi. Ande por ali em volta e, se animar, pegue um cineminha no Cine Verdi. Programinha legitimamente barcelonês, especialmente às segundas, que o ingresso é mais barato.


Livraria culinária em Gràcia.

No Passeig de Grácia estão as lojas de grandes grifes e tem uma loja muito interessante chamada Vinçon (Passeig de Grácia, 96) que vende coisinhas e coisonas de design também.

Onde dançar/beber

Bom, eu não sei bem que tipo de música você gosta. O meu negócio é eletrônica. Então dê mais crédito pras dicas sobre esse estilo.


Café Zurich: ponto de encontro antes da noitada no Bairro Gótico e adjacências.

Na Plaça Reial, nas Ramblas, tem o Jamboree, que é mega turístico mas é fácil de chegar e com uma música mais pop. O Otto Zutz (C/ Lincoln, 15) também é mais pop, só que é mais difícil de ir.

De música eletrônica, tem a Moog, numa ruazinha à direita quase no fim das Ramblas. Tecno bom e um dos lugares mais tradicionais de música eletrônica da Europa. No verão, tem a La Terraza, no Poble Español (lugar que de dia é interessante visitar também). E outro lugar tradicional também é o Razzmatazz, que é melhor ir de taxi porque é complicado chegar. Todos esses, como tudo em BCN, só começam a ficar bom depois da 1 da manhã. Dá uma olhada no Guia del Ócio pra saber a programação desses lugares e outros detalhes.

Um lugar que eu sempre recomendo as pessoas irem é o El Bosc de Les Fades. Caminhando pelas Ramblas em direção ao mar, você vai ver mais lá no final o Museu de Cera. Tem uma entradinha pro museu e, lá dentro à direita, um túnel que leva pra esse pub. Um lugar muito diferente e ótimo pra tomar umas copas.

Onde comer

Aqui eu vou ser mais sucinto, tá? É que tem muito lugar e depende muito de onde você estiver e que horas. Mas um lugar interessante é o Ra, que fica logo atrás do Mercado Boquería (atravesse por dentro do mercado que você chega nele). Pode ser pra tomar café da manhã, almoço ou jantar. Perto dele, também no Raval, tem o Dostrece (Carrer Carmen, 40) que é ótimo pra comer à noite.

Agora, o lugar mais impressionante que comi foi também o mais simples e pequeno. Um lugar chamado El Bitxo (Verdaguer i Callis, 9). Fica na rua imediatamente na frente do Palau de la Música Catalana. Pode ser depois da praia ou à noite, uns tapas originais e deliciosos.


Esse lugar El Bitxo! A comida vale o trocadilho.

Dicas finais

Coisas para evitar:
Andar sozinho pelas ruelas do Bairro Gótico e, principalmente, o Raval durante a noite. Se for andar por lá, prefira as ruas mais largas e movimentadas. O Raval até de dia é meio estranho. Ande ali perto do Macba e volte logo pras Ramblas.


Rambla del Raval: só de dia.

Evite também as boates do Maremagnum também. Um centro comercial a beira-mar que é mega caça-turistas.

Eu não gosto do Museu Picasso de lá não. São muitas obras do começo da carreira, umas cerâmicas, nada muito mais significativo do que se vê em outros museus pelo mundo. Se você estiver com tempo sobrando, vá. Senão, pule.

Ah, vale lembrar: se você tiver iPhone, baixe um programinha chamado Unlike BCN. Um guiazinho ótimo de lugares bacanas da cidade. Ele ainda localiza onde você está pelo Wi-Fi e diz o que tem de legal perto de você.



Aí, tome muitas Estrella Damm por mim e aproveite.

25.1.10

Documentário de Origem Controlada - Facing Ali

O filme "When we were kings" parecia ser invencível na categoria "documentário sobre boxe". Mas um novo concorrente ao título apareceu recentemente ameaçando a hegemonia do antigo campeão. E tratando do mesmo tema: the greatest of all times, Muhammad Ali. Só que, dessa vez, a história do maior campeão de boxe de todos os tempos é contada por seus adversários. "Facing Ali" é, além de tudo, um dos filmes (documentários ou não) mais bonitos que já vi.



Antes de entrar na beleza estética, um pouco da história. Entrevistas com grandes campeões do passado ajudam a construir uma nova visão sobre o convertido Cassius Clay. Os derrotados e até alguns vencedores contam sua relação com Ali de uma maneira emocionate e sempre respeitosa com o homem que, todos concordam, foi um ídolo máximo em seu esporte. As lutas, as provocações e tudo que envolvia o lutador é contado por seus adversários com saudosismo e admiração. Mesmo pelos que se sentiram passados para trás em algumas situações envolvendo as disputas.



As histórias de luta também abrem uma interessante oportunidade para que os agora velhos lutadores contem passagens de suas próprias vidas. Algumas envolvendo Ali, outras não, mas que mostram a força que esses gigantes carregavam não só dentro do ringue. A mais curiosa delas revela como um dos mais fortes e agressivos pugilistas da história, George Foreman, teve uma epifânia após uma de suas lutas e, provavelmente a partir dali, se transformou em um fofo vovozinho vendedor de churrasqueiras elétricas.



E, se já não bastasse a beleza de tantas recordações, elas são retratadas ainda com uma beleza descomunal. Com uma fotografia muito cuidadosa e uma representação visual do tema que salta aos olhos. Mesmo as cenas de arquivo, que também estão muito presentes nesse filme, parecem ter sido escolhidas a dedo. Um tributo que contribui muito para reafirmar o boxe com seu título de "a nobre arte".

Documentário de Origem Controlada - Jesus Camp

Já que semana passada o D.O.C. falhou, e aproveitando o feriado de hoje (pelo menos aqui em São Paulo), vocês terão 2 documentários novos para assistir. Mas chega daquela coisinha alegre e dançante dos dois primeiros episódio...

Aliás, se um bom drama faz sua espinha gelar, imagine um bom documentário com temas mais emocionantes. Nada é mais surpreendente do que a vida real. E o "Jesus Camp" é um ótimo exemplo disso.



Como o nome já diz, se passa durante a preparação e a realização de um encontro para crianças evangélicas. Entrevista as crianças, os pais e os organizadores do campo, uma espécie de colônia de férias voltado para o "encontro com Jesus." Segundo a organizadora, o campo é uma resposta aos muçulmanos que, desde muito cedo, também já ensinam suas crianças a ver os cristãos como "inimigos". Bom, partindo dessa premissa já dá para imaginar um pouco o conteúdo do filme.



Mas é justamente aí que está a virada do filme. Pela forma aberta com que as pessoas conversam sobre suas crenças, é possível assistir o documentário de 2 maneiras. As pessoas que realmente acreditam na força de uma educação religiosa para suas crianças assistirão um belo retrato do milagre que esse campo faz nos jovens. Agora, quem já tem suas pulgas atrás da orelha sobre a desvirtuação das religiões... o filme é uma bomba e mostra que o fundamentalismo está longe de ser uma praga Oriental.



Daqui a pouco eu volto, com o segundo documentário do dia.

11.1.10

Documentário de Origem Controlada - Once in a Lifetime: The Extraordinary Story of the New York Cosmos

O ano de 1977 não foi só de música, festa e cultura de rua em Nova York. Uma nova mania tomava conta da cidade: o soccer. Numa tentativa de popularizar o esporte nos Estados Unidos, uma constelação de estrelas internacionais foi contratada para mostrar aos americanos que futebol se jogava com os pés. E os bastidores dessa história estão em "Once in a lifetime". Assim como em "NY77", o visual e a trilha sonora do documentário trazem todas as referências da época. E o filme também conta com ótimas entrevistas com jogadores e dirigentes que participaram da ascensão e queda do que seria o precursor das equipes "galáticas".



Alguns detalhes da história chamam a atenção, como a força que o jogador italiano Giorgio Chinaglia exercia nos rumos da equipe, mesmo com a presença de ídolos como Pelé e Franz Beckenbauer. E, ainda, as estratégias de marketing para "americanizar" o futebol e deixá-lo menos estranho os olhos dos fanáticos pelo football.



A grande falta do filme, no sentido de perda e não de penalidade, é a presença de Pelé. Apesar da grande quantidade de gols e jogadas de Pelé, que pareciam ainda mais fáceis frente aos marcadores yankees, o maior jogador do século não quis ser entrevistado para o documentário. E, de certa forma, isso aumentou a impressão de que Chinaglia era mesmo o dono daquele time. E, no fim, fica ainda um relato dos primórdios que seria a maior revolução desse esporte: assim como o futebol virou soccer, a beleza do jogo - a partir daquele momento - se transformaria em puro business.