1.11.09

Sobre se perder e se encontrar

Uma das melhores sensações de uma viagem é encontrar um lugar que não estava nos guias (pelo menos nos que você leu), nem nas dicas dos amigos, nem nas revistas de viagem. Um lugar para chamar de seu em um lugar que não é o seu. E pra, depois, passar para frente como uma dica exclusiva e valiosa. Mas isso também tem seu preço. Pra cada pequeno restaurante barato, delicioso e escondido que você se deparar, provavelmente, vai ter sofrido algumas vezes a experiência diametralmente oposta. E perder tempo em uma viagem parece sempre ser mais doído. Depois de engolir sapos, e até coisas piores, durante um ano, as férias são aquele período em que cada segundo conta por 8. E por isso a gente se planeja tanto para elas. Daí vem aonde eu queria chegar.


Andando sem destino por Londres.

O que é melhor quando estamos fora: seguir à risca o certo e planejado, sem correr os riscos de um passeio ou um restaurante sem gosto, mas abrindo mão do inusitado? Ou tentar se aventurar por descobertas deliciosas, mas que podem também se revelar furadas além de gastar seu tempo? Essa dúvida tem muito a ver com a velha discussão entre ser um turista e ser um “viajante”. Acho um pouco pretenciosa essa conversa. Porque ver aquelas cenas de cartão postal acaba sendo uma experiência diferente para cada pessoa. Mas, ao mesmo tempo, conhecer os segredos escondidos de cada cidade sempre tem um gostinho especial. Bom, já deu para perceber que, no fim das contas, eu também não consegui ter um opinião sobre o que é melhor em uma viagem. Talvez porque o melhor seja isso mesmo: encontrar um equilíbrio entre se perder e se encontrar.


Parada deliciosamente inesperada em Barcelona.

28.9.09

iPhone: programinhas que garantem um programão.

Ainda tem muita gente que acha o iPhone über valorizado. Pois aqui vai mais um argumento pra convencer você de vez que o bichinho é bala: ele é uma BAITA mão na roda na hora de viajar. Usei poucos aplicativos na minha viagem, mas os que baixei deixaram os passeios mais simples, mais seguros e mostraram o potencial que os apps têm pra quem gosta de rodar o mundo. Aqui vou falar especificamente de 3 programinhas que me deixaram menos perdido em Londres.


Programas bons pra qualquer programa: os 4 na última fileira de apps


London Underground




Você já viajou o mundo todo, tá acostumado com metrô e acha que vai tirar de letra o famoso Underground londrino, certo? Mais ou menos. Você pode até chegar onde queria, mas nem sempre vai fazer o caminho mais rápido ou mais curto pra isso. Esse programinha calcula pra você os trajetos mais fáceis, lista as estações e ainda diz qual delas está mais perto baseado na sua localização. Custa U$ 0,90 na iTunes Store.


Unlike London






Essa dica é uma das tops dessa viagem. Baseado no site unlike.net, esse programinha traz as informações mais bacanas de diversas cidades do mundo. Comprados separadamente, claro (U$ 5). Além dos lugares indicados serem muito trendies (ui!), ele acha a sua localização e diz a distância que você está de restaurantes, lojas, atrações, etc. Você também pode acessar o conteúdo offline, escolhendo se quer ver por região ou assunto. Em Londres era fácil roubar um wi-fi aqui e ali pra acessar o programa, já que minha operadora não funcionou lá. Em Barcelona não teve essa mamata. Mas mesmo não conectado, você já pode fazer uma lista com os lugares que quer ir. E o programa te dá o endereço, a estação de metrô mais próxima, horários, uma descrição do lugar e ainda umas fotos lindas.


Maps





Aquele mesmo que já vem com o iPhone. Com um acesso wi-fi ou ligado na rede de celular local, ele localiza instantâneamente onde você está. Basta apertar o pequeno alvo na parte inferior esquerda. Em qualquer lugar do mundo (ou pelo menos nos que estive). Se você não estiver conectado, ainda assim dá pra usar o mapa. A manha é usar os Bookmarks. Funciona assim: você digita um endereço quando estiver online. Quando aparecer o pin, clique na setinha azul e depois em "Add to Bookmarks". A partir daí, mesmo sem uma conexão, você pode acessar o endereço e ver as ruas ao redor clicando no livrinho azul na parte superior direita da tela, no campo "Search or Address". Assim você dá muito menos pinta de turista do que abrindo um mapa gigante no meio da Picadilly Circus.

27.9.09

Lúcio Lasca Londres



Tarefa inglória essa de dar dicas sobre Londres. Porque ficar 10 dias na capital inglesa é como fazer 1 mês de mochilão pela Europa e visitar 38 países: você vê de tudo mas sai com uma baita sensação de não ter visto nada. Cada bairro da capital inglesa é como se fosse uma pequena metrópole, com suas centenas de bons restaurantes, galerias, atrações turísticas, praças... Então, no fim das contas, só posso dizer que conheci a "cidade" de East London. E ainda sendo petulante. Mas foi uma boa decisão dedicar mais tempo pra conhecer essa vizinhança. Nos próximos posts eu conto o porquê.

Go East! (Parte 1)

Como eu ia dizendo, não conheci Londres. Dei uma passada por alguns lugares lá. O que eu conheci mesmo foi East London. Principalmente Shoreditch, uma região do bairro chamado Hackney. Até bem pouco tempo, um bairro de artistas e jovens, e que agora está sofrendo com aquela velha história: aluguéis baixos atraem os descolados, que atraem boas lojas e restaurantes bacanas, que atraem os endinheirados, que atraem a especulação imobiliária, que manda os descolados pra outros lugares. Isso é bom por um lado, já que algumas pessoas me disseram que, antes, a região era meio perigosa (para os padrões ingleses, diga-se). Hoje, a quantidade de gente nas ruas e a modernização do bairro acaba deixando tudo um pouco menos sinistro. E um lugar muito interessante pra passear, comer e badalar.


Brick Lane, onde East London se encontra.

Onde ficar

Pra mim foi uma ótima ficar hospedado em Shoreditch. Porque eu pegava o metrô de dia, pra ir ver as atrações turísticas, e curtia a noite por lá mesmo, sem precisar pagar táxi (em libras, lembre-se), já que o metrô só funciona até meia-noite e os ônibus noturnos são meio confusos. E dessa vez pesquisei muito pouco sobre onde ficar. Porque depois de ver as fotos e escutar as histórias do The Hoxton Hotel (81 Great Eastern St.), ou "The Hox" para os íntimos, não tive como ficar em outro lugar. Resumindo, ele é um hotel de design que você pode pagar. Custa cerca de 90 libras a diária, quando um hotel do mesmo nível custaria entre 150 a 200 libras. Mas o que você vai se divertir ali perto e economizar de táxi já vale o investimento. Pertinho de restaurantes, pubs, baladinhas e da Old Street Station, se você precisar/conseguir sair de Shoreditch. E se der preguiça um dia, o restaurante no térreo é ótimo e, olha só, também é uma balada super disputada do bairro. Pra você ter uma idéia, é no restaurante do Hoxton que a revista NME faz suas festinhas. E o mais legal é que lá dá desde jovens descolados à velhinhas visitando Londres. Ah! Não deixa de pegar um mapinha que eles deixam no quarto com dicas muito boas sobre a região. E, se você não ficar lá, procura a Ana, recepcionista brasileira do Hotel, e pede um desses pocket guides pra ela.


Pedra, papel, tesoura e design no quarto do Hoxton Hotel

Mas como a vida não é só "gramur", eu também passei uns dias em um hotel mais modesto e menos "muderno". O Days Hotel Shoreditch (419 Hackney Rd.) é um hotel turistão, um pouco mais enfiado em Hackney, sem nenhuma das frescuras do Hoxton. Mas você ainda fica ali pelo bairro. Apesar de longe das estações de metrô, tem ônibus na porta dia e noite, que deixa você em Oxford St. em 20 minutos. O preço também não é uma nenhuma pechincha (69 libras), mas isso aqui é Londres, não Caraíva. E aqui cabe uma outra dica: o preço desse hotel no site deles era um. Mas no LateRooms.com era mais barato. Aproveita e pesquisa outros hotéis por lá.

Onde comer

Em todo canto da cidade o negócio é comer comida asiática. Barata e gostosa. E aqui não é diferente. A Kingsland Road, por exemplo, é o paraíso da comida vietnamita. Comi no Viet Grill (58 Kingsland Rd.) e vi muitos na vizinhança, também indicados por amigos. Outro que fica ali perto, e que não consegui nem entrar de tão badalado e barato, é o Cây Tre (301 Old Street). Se você não é muito chegado em comida asiática, o Rivington Grill (30 Rivington St.) é uma ótima pedida. Pratos típicos ingleses, feitos com produtos tradicionais vindos de diversas partes da Inglaterra. Sábado e domingo eles têm um menu com 3 pratos por 18,5 libras. E servem a Meantime, cerveja feita em Greenwich que é uma delícia. Para um almoço mais rápido, passa no Ruby (35 Charlotte Rd.), uma birosquinha que prepara sanduíches e pratos na sua frente. Pra esbanjar, tem o Bistrotheque (23-27 Wadeson Street), um restaurante-balada (ou será balada-restaurante?) meio escondido mas com uma comida excepcional. Peça o Lamb Hump e seja feliz. Na hora do café da manhã, procure o The Breakfast Club (4 Rufus St. - uma continuação da Charlotte Rd. - e também em outras partes da cidade) que é uma boa parada antes de ir na White Cube, logo do lado, na Hoxton Square. Ou vá no Fifteen (15 Westland Place), sim, o do Jamie Oliver, que tem menos fila na hora do breakfast.


Carne com molho de ostra no Viet Grill

Onde comprar

Fora a American Apparel (123 Curtain Rd.), o que você vai encontrar em roupas em Shoreditch são as lojas de estilistas da cidade, mais do que marcas conhecidas. E também lojas multimarcas, que colocam tudo o que há de legal no mesmo lugar. Uma dessas é a Start (59 Rivington St.). São 3 lojas, uma bem pertinho da outra: uma de casual wear masculina, outra masculina com ternos e cortes finos e, finalmente, uma feminina. Pra quem é louco com sneakers, como eu, essencial dar uma passada na 1948 (477 Arches St.), concept store da Nike numa ruela do bairro com poucos e bons produtos. Mas fica atento que eles só abrem de quinta a domingo. Outra loja que merece comentário é a KK Outlet (42 Hoxton Square), a loja da agência de publicidade KesselsKramer. Tem muita maluquice lá, mas se você fuçar encontra uns livro bem bacanas. Aproveita que eu dei a dica, e traz um "2 kilos" pra mim? Se você gosta de chapéus, passa na Ca4la (lê-se "caxila"), uma loja japonesa que fica no 23 Pit Field St.


Start, pra começar bem suas compras.

Ou então deixa pra comprar tudo mais barato nos milhares de brechós da Brick Lane. E Brick Lane é um show à parte. Tem de tudo por lá. Pra comprar música, todo mundo já te disse isso, mas eu digo de novo: vai lá na Rough Trade (91 Old Truman Brewery). Quem sabe você ainda não dá a sorte de pegar um showzinho super hiper hype por lá? Ainda naquela região, tem a Lik Neon (106 Sclater St.), cheia daquelas coisinhas engraçadinhas que todo mundo gosta e são ótimas lembranças.


Aquelas lembrancinhas maluquinhas, sabe? Tem aqui na Lik Neon.

E além da Brick Lane, outra rua cheia de lojas diferentes é a Columbia Road. Domingo tem a feira de flores, que já é imperdível por si só. Mas as lojinhas, que também ficam abertas no domingo, são sensacionais. Dá pra comprar ilustrações lindas na Ryantown (126 Columbia Road) até um legítimo Banksy na Nelly Duff (156 Columbia Road) pela bagatela de 2000 libras.


Leve street art pra casa sem precisar derrubar um muro: Nelly Duff.

Go East! (Parte 2)

Onde beber

Como eu disse antes, essa é a parte boa de ficar em Shoreditch: poder ficar bêbado em um pub bacana e voltar cambaleando pro hotel, feliz da vida de não ter pago uma fortuna em táxi. E opção é o que não falta nessa região. Os meus preferidos foram o Electricity Showrooms (39a Hoxton Square), pubzão na esquina da Hoxton Square com a Old Street bastante animado e com uns janelões que dão pra rua. Outro bacana é o The Hoxton Pony (104 Curtain Road), bem moderno e com drinks ótimos. Aliás, a Curtain Road é cheia de pubs de cima a baixo. Boa idéia ir tomando um pint em cada um dos bares da rua pra conhecer. Dica interessantw: beber vodka por lá pode ser financeiramente mais vantajoso, acredite se quiser. Mesmo com a conversão, uma dose bem servida fica quase o mesmo preço da vodka importada aqui. Pena (ou sorte) que só descobri isso no fim da viagem.


Muvuca pra entrar? Nada! Lá também tem Lei do Cigarro, espertinho.

Onde dançar

Não fui em tantos clubs quanto imaginei, mas, pelo que vi, o buxixo fica ali num triângulo formado pela Great Eastern St. e a Shoreditch High St. Numa pracinha da Great Eastern St, quase chegando na Old Street, por exemplo, fica o indefectível Favela Chic (91 Great Eastern St.) Pô, mas sair do Brasil pra ir num bar brasileiro?!? É, meu amigo, mas lá só vai o pessoal da cidade. Um povo meio mauricinho, mas de Londres mesmo. E eles tem uma famosa festa chamada "Swaparama". Funciona assim: algumas vezes durante a noite toca uma sirene e você tem que trocar de roupa com quem está do seu lado! Verdade. Só que o pessoal é esperto e já vai com umas roupas super engraçadas pra trocar. Não vai aparecer lá com seu cardigan novo da H&M, hein! Mas o lugar que eu mais gostei (e mais fui) foi o The Queen of Hoxton (1 Curtain Rd.). Uma boate com um térreo meio lounge, meio dancing e mais um porão com shows ao vivo. Engraçado que no térreo dá um povo mais posh e lá embaixo um povo mais indie. E essa mistureba fica animada a noite toda. "Noite toda" até as 2 da manhã, que isso aqui não é Barcelona. Mas a surpresa mesmo é que domingo à tarde é o novo sábado à noite em East London. Lá na região da Brick Lane (sempre lá) as baladinhas de domingo começam a partir de meio-dia e vão até bem tarde. E é balada MESMO, viu? Como as tardes de techno do 93 Feet East (150 Brick Lane) Uma dica é prestar atenção nos milhares de cartazes colados pela vizinhança indicando as festas e atrações, que são sempre boas.


Tonight at The Queen of Hoxton.

LLL vai à guerra.

Todo mundo vai falar pra você como a Tate Modern, o British Museum e o Natural History Museum são imperdíveis. Então eu vou pular essa parte e vou dar uma dica diferente de museu: os museus de guerra. Londres é a Disneylândia pra quem gosta de II Guerra Mundial, como eu. A cidade teve sua história extremamente marcada pelo conflito e saber como os londrinos passaram por aquele momento é um capítulo à parte pra quem passeia por lá. O principal museu é o Imperial War Museum. Com exposições temporárias e um acervo permanente divido entre I e II Guerras, ele tem todo tipo de aeronaves, tanques, armas e uniformes usados nas batalhas. E, claro, muita história interessante. Não deixe de ver os pôsters falando sobre racionamento de comida durante a guerra que ficam na cafeteria do museu.


Imperial War Museu - o pai de todos.

Outro museu imperdível é o Churchill Museum & Cabinet War Rooms, um esconderijo subterrâneo onde os alto escalão inglês esteve trabalhando durante os 40 dias de blitz alemã nos céus da Inglaterra. Recentemente foi aberto no local um apêndice totalmente dedicado à memória de Winston Churchill, na minha humilde opinião, o maior estadista da humanidade em todos os tempos. Um museu super moderno, com atrações interativas, filmes e o relato de toda a vida do homem que segurou Hitler praticamente na unha nos primeiros anos da II Guerra.


Churchill Cabinet War Rooms

E pra quem gosta de aviação, em Cambridge fica o Imperial War Museum in Duxford. Especializado em aeronaves, ele conta com 5 hangares gigantescos, com aviões de todas as épocas. Mas o bacana mesmo é ir passar o dia lá durante um dos Air Shows. O que eu assisti colocou no ar legítimos Spitfires que lutaram na Batalha da Inglaterra. Emocionante! Olha lá no site pra ver quando serão os próximos. E não deixe de ver o Airborn Assault Museum, dentro do Hangar 1. Ele fica escondidinho em um canto mas é um ótimo espaço pra conhecer um pouco mais sobre os paraquedistas, um tipo de soldado que mudou a forma de se lutar uma guerra. Imperdível pra quem viu "Band of Brothers" e gostou.


Museu dos Paraquedistas, dentro do Imperial War Museum em Duxford

Esse museu só é um pouco complicado de chegar. Primeiro você tem que pegar um trem pra Cambridge, saindo da estação King's Cross. Chegando na estação em Cambridge, você sai do prédio, vai até o ponto à sua esquerda e pode pegar o ônibus 7 (demora mais pra chegar no Museu) ou o 132 (vai rapidinho até o museu, só que passa menos no ponto). No site do museu dizia que um ônibus especial circularia durante os dias de Air Show. Mas esse tal aí não apareceu.


Spitfire no Imperial War Museum em Duxford

Pra terminar, ainda tem o navio HMS Belfast. Impossível você não passar perto dele, porque fica ancorado no rio Tâmisa, bem perto da Tower Bridge. Mas desse eu não vou poder falar, porque eu não fui. Não dá para lutar todas as batalhas de uma guerra.

Todas as informações sobre esses museus você encontra num mesmo site já que todos eles fazem parte de uma mesma "rede".

26.9.09

Haikai para uma britadeira sábado de manhã

O homem é bicho complicado
Está mais perto da barbárie
Quanto mais civilizado.

4.9.09

Inglourious Basterds - o novo do Tarantino



Esqueça os documentários que você viu no History Channel ou as super produções que Hollywood fez sobre o tema. Inglourious Basterds não é um filme de Segunda Grande Guerra feito por Tarantino. É um filme sobre COMO SERIA A GUERRA se o diretor norte-americano estivesse no comando dela. E com todos os toques de requinte e crueldade que só ele sabe criar.

Está tudo lá: diálogos afiados, histórias paralelas que se encontram, personagens bizarros, violência desenfrada, ótimos e não tão conhecidos atores. Destaque para o austríaco Christoph Waltz, no papel do Coronel Hans Landa, que transita entre momentos de pura comédia e assustador suspense. Isso sem sabermos bem qual é um e qual é outro.

A trama em si já é um prato feito para Tarantino: um grupo de soldados é recrutado para espalhar o terror entre os soldados alemães na França ocupada. Sem nenhum tipo de conduta militar ou compaixão. Na liderança desse time nada ortodoxo está um engraçadíssimo Brad Pitt, na pele do Tenente Aldo.

Mas apesar dos bons e frequentes momentos de humor, Inglourious Basterds é mesmo marcante por causa das suas longas e quase sufocantes cenas de suspense. Nazistas ficam frente à frente com suas vítimas e inimigos em diversas passagens do filme, causando um desconforto nos personagens que transborda para quem está sentado no cinema. Esses inacreditáveis encontros, recheados de situações limítrofes, lembram o tempo todo que estamos diante de mais uma obra do criador de Cães de Aluguel e Pulp Fiction.

E se a preocupação com a precisão dos fatos ou a composição dos personagens históricos é propositalmente descompromissada - vide a afetação ainda mais exarcebada de Hitler - a boa direção de arte lembra a todo momento que se trata de um filme passado nos anos 40 em meio a uma guerra mundial. Ponto para a boa execução aliada à inteligência do roteiro.

No fim, fica a sensação de um filme que é pura diversão, com um mínimo de história. Motivo, inclusive, de repreensão por parte de comunidades judaicas nos EUA. Mas se querem um retrato fiel sobre um dos maiores eventos da humanidade, recomendo esquecerem o irônico Quentin Tarantino. Pra isso existem os 7 DVDs da série "The War" do diretor Ken Burn. Esse eu também recomendo.

Inglourious Basterds estréia no Brasil em Outubro.

Publicado originalmente no rraurl.com

1.9.09

Saltos e quedas

- Não, não tira os sapatos.

Eram legítimos Louboutin. Negros e brilhantes, com saltos vertiginosos e a inconfundível sola vermelho sangue. Quase totalmente fechados, iam até seu bonito tornozelo, deixando à mostra somente parte do peito do pé por uma fenda. E pouco também dos dedos, por uma pequena abertura, meio ovalada, na ponta. Com um sorriso ela respondeu o sussurro. Continuou se despindo sem perceber que o pedido, que lhe soou tão excitante, nada tinha a ver com fetiche. Ele simplesmente detestava aqueles pés feios dentro daqueles sapatos lindos.

5.8.09

Crise no Senado

E aqui vai a minha contribuição pra aumentar a balbúrdia lá em Brasília:


Senador Paulo Duque e o "coiso" do Labirinto do Fauno


Senador Wellington Salgado e o Hurley, de Lost

14.7.09

Engrenagens

Só para deixar registrado: a máquina fotográfica está convenientemente quebrada quando não tenho a mínina vontade de registrar nada.

18.5.09

A Torre

Passara anos percorrendo os quatro cantos daquele reino em busca do monumento que agora tinha à sua frente. Loucura para alguns, sonho para outros, as histórias sobre as infindas riquezas em uma torre sem fim eram famosas entre os cavaleiros da época. Mas poucos acreditavam nas lendas de um colosso de pedra que só poderia ser visto por quem se aproximasse a ponto de tocá-lo, nunca de uma distância maior do que isso. O mesmo lugar que ele observava atônito naquele momento. Há alguns passos estava a entrada da torre. Sem portas ou obstáculos. Apenas um simples pórtico de rochas onde começava a ameaçadora escadaria. À medida que subia, a luz vinda do portal lentamente se apagava dando lugar à escuridão. Completa e inquietante, quebrada apenas pelo som dos degraus sendo vencidos. Até que a luz começasse iluminar o corredor circular novamente. Parou alguns segundos até que sua vista se reacostumasse com a claridade. E entrou. Uma repentina falta de ar, quem nem os incontáveis lances de escadas foram capazes de provocar, quase o derrubou. Encontrara lá uma sala completamente vazia, empoeirada, fria. Sem nem ao menos uma minúscula caixa, que pudesse nutrir uma ínfima esperança do tesouro prometido. Meio cambaleante, se aparou contra o parapeito da única janela daquele cubículo de pedra. Respirou fundo e abriu os olhos. E, diante deles, estava a mais magnífica vista que um ser humano jamais vira. Era possível ver o branco das montanhas, os laranjas dos desertos, os verdes dos campos e os azuis dos mares mais longínquos. As cidades, suas pessoas, suas feiras e suas muradas. As estradas e sebes fomando um desconexo padrão xadrez sobre a pele da terra. Tudo sob a luz de um sol e um céu intensos como nunca foram. Depois de alguns poucos minutos, o cavaleiro desceu novamente as escadarias e seguiu com seu cavalo. Sem marcar no mapa o lugar onde encontrara o momento mais bonito de sua vida.

1.4.09

Living on the edge

Eu assalto a geladeira de madrugada e escovo os dentes depois. Obesidade mórbida sim. Mas com dentes brancos e hálito puro.

31.3.09

A cura

Ele abriu seu discurso falando da falibilidade do ser humano. Passeou pela descrições amorosas de Shakespeare a Machado de Assis. Desfilou argumentos das novelas de Janete Clair e dos clássicos de Billy Wilder. Evocou, equivocadamente, as religiões poligâmicas e até o inexplicável poliamor. Por fim, desapegou-se de referências mais cultas e apelou para a excruciante dor de um coração partido. Ela escutou pacientemente cada um dos argumentos. E, sem mover uma linha de expressão, tirou da bolsa um band-aid e lhe entregou sem nenhuma palavra.

18.3.09

Thou shalt not laugh

Em tempos de médicos excomungados e estupradores perdoados, cometa o 8º pecado capital - baixar arquivos gratuitamente pela Internet - e assista o quanto antes o documentário ""Religulous". Apresentado pelo comediante americano Bill Maher e dirigido por Larry Charles, diretor de Borat e ex-roteirista de Seinfeld, o filme segue a linha humorística de Borat, que faz rir com entrevistas extremamente constrangedoras. Mas, ao contrário do ignorante jornalista do Cazaquistão, Bill Maher dobra seus entrevistados com muito conhecimento e bom humor. E falando de um assunto bem delicado: religião.



Apesar de passar 80 por cento do filme espinafrando os cristãos (protestantes e católicos), religiões maioritárias nos EUA, o humorista também reserva boas esculhambadas para judeus, muçulmanos, mórmons e até cientologistas. Sempre utilizando suas próprias escrituras e dogmas para mostrar o quão absurdas são suas crenças. Muitas são as vezes que os entrevistados mal conseguem esconder a vergonha de terem sido pegos em situações rídiculas.



Cenas de filmes bíblicos dão um tom ainda mais sarcástico por todo o documentário e até uma interessante convocação, para que os ateus saiam do armário, é apresentada. Mas, no fim, mais do que uma explanação sobre as maluquices de cada religião, fica uma forte mensagem de como a fé desenfreada pode gerar coisas muito piores do que um filme cheio de gracinhas.

Recomendado fortemente para minha herege preferida.

14.3.09

Blueberry, Cramberry, Chuck Berry



Farmer's Market - San Luis Obispo, CA

11.3.09

Tears not for fears

O choro foi por uma mistura intensa de euforia com tristeza. Regado, também, com meia garrafa de vinho. Mas não de medo. Esse, específico, já deixei de ter faz algum tempo. Logo logo eu compartilho com vocês. :D

7.3.09

In a Sentimental Mood

"Coloca uma música", ela pediu. Logo tocava jazz. Ela suspirou, de decepção. "Acho um pouco chato." Ele se levantou outra vez, puxando ela consigo. Posicionou um das mãos dela sobre seu ombro e segurou levemente a outra. Trouxe ainda o quadril dela mais para perto. Ela, naturalmente, descansou o rosto no ombro dele. E sorriu.

Puzzle

A gargalhada dela se encaixava com o bom humor dele.
O carinho dela se encaixava com a insegurança dele.
As receitas dela se encaixavam com a fome dele.
A melancolia dela se encaixava com o ombro dele.
As coxas dela se encaixavam com o rosto dele.
Até que, um dia, alguma coisa não mais se encaixou.
E tudo que sobrou foi uma caixa empoeirada, cheia de lembranças desencontradas.

5.3.09

Não me conformo

Então é assim?
Remar conforme a corrente?
Dançar conforme a música?
Jogar conforme as regras?
É muito difícil perceber que,
pra certas coisas melhorarem,
só mesmo você piorando.

4.3.09

Eu criei o Twitter!




Talento eu tenho. O que eu não tenho é visão.
Lendo um post anti-Twitter no JoshSpear.com, lembrei de um dos muitos blogs que tive nessa vida. Chamava "Como estou hoje?". E graças à inigualável Wayback Machine consegui resgatar o blog para provar para vocês. Ele é de 2003 (!) e ainda tinha um twist: eu tinha que postar todos os dias e não podia repetir o mesmo "estado" 2 vezes. Taí porque acabou tão rápido. Talento eu tenho. O que eu não tenho é saco.

2.3.09

LCD de Cachorro


Farmer's Market - Ferry Building, São Francisco

1.3.09

lost in translation

You say either and I say either.
You say neither and I say neither
Either, either Neither, neither.
Let's call the whole thing off.

You like potato and I like potahto.
You like tomato and I like tomahto.
Potato, potahto, Tomato, tomahto.
Let's call the whole thing off

But oh, if we call the whole thing off
Then we must part
And oh, if we ever part,
then that might break my heart


Let´s call the whole thing off - George Gershwin

Mas quando eu, em silêncio, olho pra você, tudo fica claro.

26.2.09

Palavra da Salvação, Graças a Fred.*

"Quando eu deixei de levar as mulheres à sério, elas começaram a me levar à sério."

*A cabeça do Fred é como um farol (literalmente) de sabedoria em uma mar de desilusão.

19.2.09

SLAP (lesion) na cara

"On February 17, you will be head and shoulders above the rest, due to the meeting of Jupiter and Mars."

É, Dona Miller, a cabeça pode até ser. Mas o ombro já era. :/

17.2.09

Pequeno Relato Anatômico

Sentiu uma forte fisgada no braço na última vez em que se abraçaram. Agora, enquanto a enorme agulha atravessava a articulação do seu ombro direito, não era ali que sentia uma agoniante dor.

31.1.09

FeS2

Meu tio Olavo é geólogo. E eu me lembro bem que, quando descobri ainda criança que palavrão era esse, pedi a ele uma pepita de ouro. Na época, Olavinho trabalhava em Carajás, ou alguma outra mina famosa dessas, e, na minha lógica infantil, ouro era a coisa mais fácil de se encontrar. E não é que, um belo dia, a tal pepita apareceu? Era uma pedra escura com pequenas manchas metálicas douradas e reluzentes. Eu era o menino mais feliz, e mais rico, do mundo naquele momento. Cansei de fazer planos mirabolantes nos quais a venda daquele pequeno tesouro, guardado em um pedaço de veludo preto, era o principal financiador. Até que um dia uma visita à um Instituto de Geologia acabou com todos esses planos. Pirita era o nome da minha maior tristeza naqueles dias. Um mineral que, por causa da sua cor e brilho, também é conhecida como... "ouro de tolo". Apesar da história estar bem gravada na minha memória, ainda encontro algumas pepitas por aí, começo a maquinar planos, até que elas acabam se revelando pedaços de minério sem valor. Quem não passa por isso? Mas, ainda assim, se me dão alguma coisa bonita e brilhante, eu sempre guardo com cuidado. Uma hora não vai ser outra pirita do tio Olavinho.

18.1.09

La Coppietta



Atum e Aspargos grelhados com dressing de Chilli, Manjericão e Tomates Secos

Isso aqui tá parecendo o La Cucinetta (sem os talentos culinário e literário).

8.1.09

To you, with love.



Volto já já. Enquanto isso, um pouquinho de desopilescência gratuita. Afinal, é pra isso que servem os blogs.