26.4.05

Nadar é preciso

Me sinto bem na água. É uma monotonia gostosa, envolvente. Você fica ali, concentrado nos movimentos, e num segundo tudo flui. Até o momento em que você precisa dividir a raia. Não, não é uma questão de egoísmo. A princípio é um adendo interessante a toda aquela experiência. Se prender ao ritmo das braçadas e dos turbilhões do outro. Mas isso só até você tomar a primeira pezada. Pronto. Todo aquele evento, antes relaxante e bonito, vira um inferno. O importante agora é se concentrar somente naqueles poucos segundos em que os corpos passam lado a lado, espremidos entre as raias. O resto do tempo também vira só desconcerto. A respiração fica inconstante, a força das batidas de pernas e braços ficam desproporcionais, o equilíbrio do corpo já era. E aí você se esquece como era bom nadar. Fica com medo ou procurando desculpas pra não ter que enfrentar a piscina. Tem micose, endurece o cabelo, tem que secar entre os dedos depois. Estou eu aqui, de novo, olhando pra água. Tentando lembrar de como me movimentar corretamente e relaxar. Tentando esquecer a pezada.

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