28.7.05

A procura

Então, de noite, ele saiu atrás do Poetinha. Achou que nele encontraria as palavras que procurava. Como quem olha por um bêbado desconhecido a quem se abraçar. Para trocar algumas palavras encharcadas de desilusão. Mas não. O que sentia era um pingado, sem açúcar, de emoções. Ninguém poderia lhe mostrar uma mistura como aquela de sentimentos. De ninguém poderia ser aproveitado um verso, uma expressão, uma palavra. Nada. Teria ele mesmo que colocar no papel a euforia e a tristeza, a confiança e a angústia, a delícia e o dessabor. Preferiu deitar-se. Se para Quintana viajar é mudar o cenário da solidão, para ele, dormir é postergá-la para o dia seguinte.

Nenhum comentário: