5.11.05

Diário (mental) de viagem

Às vezes eu fico feliz de não ter escrito um diário da minha viagem pela Europa. O registro tem que ser consultado, a memória nem sempre. As lembranças simplesmente aparecem de uma hora para outra, sem avisar, dando uma alegria inesperada em um dia inútil. Hoje lembrei de uma pequena igreja que visitei na cidade de Cadaqués, na Catalunha. Ela ficava encrostada entre as casas caiadas tão características das cidades à beira do Mediterrâneo. De um parapeito à frente da entrada era até possível ver o mar. Mas a grande (e inusitada) descoberta ficava dentro do pequeno templo. Sem nenhuma janela ou abertura, era impossível enxergar qualquer coisa dentro da aconchegante capela. Até que descobri uma caixa metálica pendurada em uma das paredes. Em catalão,francês e espanhol, uma placa explicava o funcionamento das luzes que iluminavam o altar. E pedia 1 Euro. Como bom viajante duro que eu era, fingi me atentar às poucas formas que se podiam perceber na escuridão até que algum outro turista mais afortunado colocasse na caixinha uma moeda. E logo fez-se a luz! Lá estava o bonito altar com seus santos e detalhes dourados. Acho que era possível, inclusive, ouvir uma musiquinha nos poucos segundos em que a luz ficou acesa. Não tenho certeza. Talvez fosse bom ter um diário pra relembrar também esses detalhes.

"What though the radiance which was once so bright
Be now for ever taken from my sight,
Though nothing can bring back the hour
Of splendour in the grass, of glory in flower;
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind."


Intimations of Immortality - Willian Wordsworth (e que nome para um poeta)

Nenhum comentário: