
Impossível não pensar que no painel daquela pirâmide não houvesse apenas um grande botão vermelho, que foi ativado no começo do show do Daft Punk e só foi desligado no final. O playback mais pirotécnico do planeta. Mas ninguém se importou. Algumas pessoas não conseguiam nem dançar diante daquilo tudo. Clássicos, clássicos e mais clássicos da música eletrônica. Torçam o nariz os defensores dos outros tipos de músicas mas existem, sim, os clássicos eletrônicos. E foi lindo, emocionante, mesmo sem um "bis". E acho que ninguém se importaria se eles apertassem o grande botão vermelho e tocassem as mesmíssimas músicas outra vez. Éramos todos máquinas repetidoras ali, naquele momento.

Dois dias depois, o trio do Brooklin deu o troco pelos humanos. Uma base tocada por Mix Master Mike e 3 três poderosas vozes quarentonas estraçalhando com nossos ouvidos. Uma pancada. Pessoas quicando até o teto. Eram os Beastie Boys em carne, osso e cordas vocais. Era a reviravolta do "ao vivo" contra o eletrônico. E quando todos pensavam que tinha acabado, ainda faltava "Sabotage". A última música do show, a última música do festival. E tocada com baixo, guitarra e bateria, pelas 3 bestas do hip hop. Até agora não sei o que me acertou.

No fim, impossível declarar um vencedor. A batalha entre máquinas e pessoas continua indefinida. Pelo menos até o próximo festival. Uma guerra em que os únicos feridos foram as pobres articulações das minhas pernas.
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