22.11.04

Prazer em série

Suas vítimas tinham sempre o mesmo perfil. Mulheres, na faixa de 35 a 50 anos, casadas. Mas a caracterísica que procurava mesmo em seus alvos era um peculiar olhar opaco e vazio. E, assim, caminhava despreocupado por parques, ruas e shoppings. Com a visão atenta, mirando sempre nos olhos da metade feminina dos casais. Parava nas vitrines, fazia pequenas compras, mas, em nenhum momento, desviava a concentração do que realmente estava fazendo ali. Até achar quem procurava. O modus operandi em seguida era sempre o mesmo: cruzava frontalmente com o casal e disparava. Enchia-se de uma intensa auto-confiança e, com uma precisão espantosa, lançava seu sorriso incandescente, malicioso, e um olhar cobiçoso de mesma medida. Procurava perceber todas as reações de sua vítima nos poucos segundos que se seguiam. Identificava claramente no rosto delas o mais discreto rubor, a surpresa ou o desconcerto. Via rostos mortos se iluminarem, rugas desaparecerem momentaneamente, lábios levemente se separarem. E de tudo isso tirava seu prazer. De pensar na sensação daquelas mulheres se sentindo novamente desejadas, da maneira mais instintiva, mesmo que por um estranho. Como se uma segunda puberdade florescesse e elas pudessem retomar parte da sua feminilidade perdida. Depois continuava andando, sem olhar para trás, rumo à uma próxima vítima. Ao próximo gozo.

5 comentários:

Valentina disse...

Você já sabe que eu adoro tuas ficções, né? Sou fã de carteirinha. Beijos.

l. disse...

Quem disse que é ficção? Huhauhauhauhua! É sim, é sim... l.

Valentina disse...

Caraca! Então tu é o tarado da internet?? Cataploft.

Anônimo disse...

é modus operandi.

rmx, versão professor paschoale editio latina.

l. disse...

Pronto. Já mudei, fina. :) l.