24.9.04

Olhos de anjo

Ele tomou um susto ao se olhar no espelho. Era outra pessoa quem estava ali. Não metaforicamente falando, como se a vida lhe tivesse transformado em um mesmo só que diferente. A imagem refletida mostrava realmente um outro alguém. Só que não um estranho qualquer. Estava ali o rosto amigo, com quem convivera por algum tempo. Mas aquelas feições, aqueles traços, aquelas marcas nunca lhe pareceram tão familiares. Depois de tudo, mais do que o pequeno sorriso e os olhos de anjo, reconhecia intimamente aquela alma. E, apesar do conforto que a compreensão às vezes traz, o alívio não era suficiente para ele.

2 comentários:

Valentina disse...

Puxa Lúcio, que delicadeza de texto! Beijo.

Anônimo disse...

E, apesar dos braços doerem tanto, eu os estenderia.